Por Luciana d’Anunciação
Uma dúvida bastante comum para quem tem interesse em fazer alguma graduação da área de engenharia: quem não gosta de matemática pode cursar engenharia? A necessidade de utilizar constantemente cálculos matemáticos durante o curso e na prática da profissão pode afastar alguns interessados pelas engenharias.
A relevância da matemática, na grade curricular da graduação, não deve ser um empecilho para quem pretende construir a carreira na área. É o que destaca Luiz Flávio Vieira Brant, coordenador do curso de graduação em Engenharia Mecânica da Newton e professor nas disciplinas de Projetos de Sistemas Mecânicos e Teoria de Vibrações.
O docente, graduado em Engenharia Mecânica com ênfase em Mecatrônica e mestre em Engenharia Mecânica, explica em conversa com o Newton Carreiras estratégias para superar possíveis dificuldades em disciplinas relacionadas à matemática. O professor compartilha também as principais habilidades e competências desenvolvidas nos cursos de engenharia, os desafios profissionais para os futuros engenheiros e aponta as áreas mais promissoras da engenharia na atualidade.
Newton Carreiras: Quem não gosta de matemática pode fazer engenharia?
Luiz Flávio Vieira Brant: Acredito que sim. Quem não gosta de matemática no ensino fundamental e médio pode aprender a gostar durante o curso de Engenharia. O motivo é bastante simples: na Engenharia aprende-se uma nova matemática, com aplicação prática. Tudo fica mais atraente quando vislumbramos uma aplicação, uma maneira de usar aquele aprendizado a nosso favor. Quando o estudante percebe que aquele conhecimento de limites e derivadas (conteúdo da disciplina de Cálculo I) pode lhe ajudar a resolver problemas do cotidiano, o estudo torna-se mais prazeroso e consequentemente mais fácil.
NC: Que estratégias utilizar para superar possíveis dificuldades em disciplinas como geometria analítica e descritiva, cálculo vetorial, física avançada e estatística?
LB: Primeiro de tudo é acreditar na própria capacidade. Ouvimos tanto dizer que estas disciplinas são dificílimas, que acabamos nos convencendo de que é inviável ser aprovado nelas, e assim nos deixamos desanimar. Não dê ouvidos aos pessimistas e preguiçosos. Confie na sua competência.
Outro ponto muito importante é o autoconhecimento, ou seja, cada pessoa tem sua melhor maneira de aprender. Muitos gostam de estudar sozinhos, outros preferem os estudos em grupos. Muitos gostam dos livros, outros preferem vídeos no YouTube. O NAPp – Núcleo de Apoio Psicopedagógico da Newton – tem ajudado muitos alunos a encontrarem sua melhor forma de aprendizagem. Também temos tido excelentes resultados com grupos de estudo. As trocas de conhecimentos e experiências que ocorrem nestes grupos auxiliam muitos alunos a superarem suas dificuldades.
Mas o mais importante é a disciplina e a dedicação aos estudos. Não há fórmula mágica. Sem reservar algumas horas, todos os dias, para estudar, é impossível adquirir conhecimento.
NC: Qual é o perfil médio do estudante de engenharia?
LB: Vejo basicamente dois perfis de alunos que convivem na faculdade de Engenharia. Muitos estudantes já tem um curso técnico na área e procuram o curso superior como uma evolução natural da sua carreira. Trazem consigo uma boa experiência prática, mas buscam maior conhecimento teórico e competências mais amplas. O outro perfil de estudantes vem direto do ensino médio, motivado pelo gosto por tecnologia e inovação, ou simplesmente pela afinidade com disciplinas da área de exatas, como a matemática, a física e a química.
NC: Quais as principais habilidades e competências são desenvolvidas nos cursos de engenharia da Newton?
LB: O engenheiro é o profissional que cria, aprimora, instala, opera e mantém as tecnologias. E como sabemos, estas tecnologias se alteram cada vez mais rapidamente. A principal habilidade que deve ser desenvolvida pelo estudante durante o curso de engenharia é aprender a aprender. Ao longo da carreira, o engenheiro terá frequentemente contato com algo novo, tecnologicamente avançado, e aprender a lidar com as inovações de maneira autônoma e independente é a habilidade que o profissional deve se preocupar em adquirir. Quanto às competências, não há dúvida que a resolução de problemas é a principal função do engenheiro. Ele deve ser preparado para encontrar as melhores alternativas possíveis para a solução dos mais variados problemas. Não à toa, profissionais de engenharia estão sendo demandados em outros setores como mercado financeiro, medicina e tecnologia da informação.
NC: Quais os maiores desafios profissionais para os futuros engenheiros?
LB: Estamos entrando em uma nova etapa, a que os economistas estão denominando Economia 4.0. Neste cenário, tecnologias como a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas, o Big Data, dentre outras, irão transformar a forma como os seres humanos consomem e interagem entre si. É importante para o profissional de engenharia se adequar a esta nova realidade, tornando-se protagonista nesta revolução. É fundamental que o profissional se recicle, se reinvente, torne-se polivalente, não se limitando a uma única área de atuação.
NC: Que diferenciais um jovem profissional de engenharia deve desenvolver para se destacar no mercado?
LB: Empresários e profissionais de engenharia indicam que as competências comportamentais, as chamadas soft skills, são as habilidades mais procuradas no mercado atualmente. Saber lidar e respeitar as diferenças, ser capaz de liderar, conseguir negociar, resolver conflitos são competências a serem desenvolvidas pelos jovens engenheiros. Mas é claro que as competências técnicas, bem como a fluência em uma segunda língua, continuam sendo muito importantes no mercado de trabalho.
NC: Quais as áreas mais promissoras da engenharia na atualidade?
LB: Além das áreas relacionadas à Tecnologia da Informação como a inteligência artificial, análise de dados, percebo grande potencial de crescimento em áreas que integram setores completamente distintos até bem pouco tempo atrás, como a Engenharia Biomédica, Engenharia da Mobilidade e Conectividade, Engenharia do Entretenimento, Engenharia Financeira, dentre outras.
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