Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado um aumento nos casos registrados de esporotricose. De acordo com o SINAM, Sistema de Informação de Agravos de Notificação, em quinze anos, ocorreu uma alta de 653% no Rio de Janeiro. Os números dos outros estados também vêm crescendo, refletindo uma expansão territorial por todo país. Apesar de ser mais conhecida a partir de 1998, a doença que afeta humanos e animais tem preocupado cada vez mais. No entanto, é nos felinos que tem sido mais encontrada, tanto nos de rua, como nos que possuem tutores, mas são semi-domiciliados.
Segundo Myrian Kátia Teixeira, professora do curso de Veterinária da Newton Paiva, a esporotricose é uma infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, comumente encontrados em regiões de clima tropical e subtropical. “A transmissão pode ocorrer a partir de um ambiente contaminado com o fungo, através do contato com solo, plantas e materiais em decomposição infectados, chamada de transmissão sapronótica. Há também a transmissão resultante de arranhaduras, mordeduras ou contato direto com secreções de gatos infectados”, conhecida como transmissão zoonótica, explica a especialista.
Os principais sinais encontrados em gatos são lesões cutâneas ulceradas, crostosas ou nodulares, localizadas, especialmente, na face, membros ou base da cauda. “A visualização dessas lesões causa bastante alarde, pois muitas vezes são extensas e generalizadas. Contudo, a esporotricose tem cura e grande parte dos animais respondem bem à terapia medicamentosa adequada”, acrescenta Myrian. Por isso, é importante ficar de olho nos bichanos.
Já nos humanos, o sintoma pode ser a aparição de um pequeno caroço avermelhado na pele, semelhante a uma picada de mosquito, que pode evoluir para uma lesão com pus e aumentar de tamanho. Em casos mais graves, a esporotricose pode afetar os pulmões, causando sintomas como tosse, falta de ar e dor ao respirar. Em situações ainda mais raras, quando o tratamento não é feito adequadamente, o fungo pode se espalhar pelo organismo, atingindo articulaçõese ossos, causando inchaço e dor ao movimentar os membros.
Como evitar a doença?
Por mais que tenha se tornado uma epidemia, existem diversas medidas preventivas:
- Use luvas ao manusear plantas ou solo: o fungo causador da esporotricose ocorre naturalmente no solo e em plantas. Proteja suas mãos ao trabalhar com esses materiais.
- Evite tocar em espinhos ou madeira apodrecida: traumas e acidentes com espinhos, plantas e madeiras contaminadas podem facilitar a transmissão do fungo. Tome cuidado ao lidar com esses elementos.
- Lave as mãos com frequência: especialmente após trabalhar em jardins ou áreas com vegetação, lave bem as mãos para reduzir o risco de contaminação.
- Cuide dos animais: leve qualquer animal de estimação que tenha lesões de pele ao veterinário de confiança, especialmente os gatos e, em caso de animais de rua, comunicar ao serviço público de controle de zoonoses. Mantenha seus gatos domiciliados para que não entrem em contato com outros gatos na rua, que possam estar infectados.
- Procure tratamento: a duração do tratamento pode variar de três a seis meses, ou mesmo um ano, até a cura do indivíduo e é feita por meio de antifúngicos.
- Tratamento felino: o tratamento dos gatos com esporotricose deve ser estendido por 60 dias após a cura clínica. Portanto os acompanhamentos veterinários devem ser regulares. Essa medida evita recidivas da doença.
- Ambiente: mantenha quintais e jardins limpos, sem excesso de matéria orgânica em decomposição.
O Centro Universitário Newton Paiva conta com uma clínica de atendimento a preço acessível, ministrada por alunos e professores da instituição. Além de levar atendimento para pessoas carentes, os estudantes aprendem na prática a sua profissão. Contudo, Belo Horizonte é uma das capitais do país que fornecem diagnóstico e tratamento gratuitos de esporotricose para os gatos, por conta da grande população. Portanto, é preciso ficar atento e cuidar de nossos companheiros tanto quanto de nós”, finaliza a veterinária.