Por Geraldo Paim
Mania nacional nos primeiros meses da pandemia, as lives foram um dos grandes legados positivos desse difícil período. Ainda que a audiência delas tenha caído nos últimos tempos, o formato se consolidou como opção para várias áreas.
A necessidade de manter as atividades durante o isolamento forçou diversos setores a aderirem às lives como forma de conteúdo e comunicação com o público. No direito, no meio ambiente, na tecnologia, educação, engenharias, economia, psicologia e em outros ramos, lives e webinários se multiplicaram. Todo esse material serve também para enriquecer o acervo de conteúdo disponibilizado para consumo posterior. No e-commerce, pipocam anúncios de kit live à venda, com itens que vão desde microfones profissionais, suporte para celular a até iluminação adequada para filmagem em espaços domésticos. Proliferaram lives de games e novos youtubers, discorrendo sobre os mais variados assuntos.
Lives salvaram a música
Mas, sem dúvida, o grande destaque das lives foi a atuação da música. Um dos segmentos mais impactados pela pandemia da Covid-19, o mercado musical se reinventou na internet. De lives caseiras a produções patrocinadas, dirigidas por profissionais da televisão, as lives se tornaram um caminho sem volta na música. A tendência é que a mídia se torne uma opção presente na carreira de todo artista, mesmo após o fim do distanciamento físico. Reencontros como o de Sandy & Junior, live diária doméstica de Tereza Cristina, grandes festas sertanejas e comemorações de aniversários de Caetano, Gil, Gal, Milton Nascimento e Paulinho da Viola marcaram a era das lives.
Lives + shows ao vivo: convivem juntos?
A expectativa é que a ferramenta virtual siga coexistindo com shows presenciais assim que as coisas voltarem ao normal. Uma pesquisa da MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital, encomendada pela CNN Brasil Business, revelou que 76% dos respondentes querem a continuidade das lives após o controle do vírus e o fim do isolamento. Quanto aos anúncios, 85% dos participantes disseram admirar empresas que apoiam os eventos.
Patrocinadores aproveitaram oportunidade
No mundo dos negócios, as lives representaram um achado de ouro em tempos de recessão econômica. A Riachuelo, por exemplo, quando patrocinou a live de Marília Mendonça em abril de 2020, registrou aumento de 124% nas vendas do e-commerce e alta de 56% no tráfego do site.
A live da cantora sertaneja foi vista por mais de 3 milhões de pessoas. Considerando que a audiência média da TV Globo é de aproximadamente 20 milhões de pessoas, patrocinar lives pode se tornar inevitavelmente um novo e permanente trunfo de marketing.
Um belo exemplo da nova estratégia das gigantes do mercado foi a ação virtual que a Elma Chips criou para “descancelar” a viagem de formatura de seus consumidores. Realizada pela agência AKQA, a campanha recriou o ambiente da paradisíaca Porto Seguro (BA) dentro do jogo Fortnite, da Epic Games. Em parceria com o gamer youtuber Sharshock, foi recriado virtualmente o hotel Axé Moi e toda a atmosfera do destino turístico. Por lá, os visitantes puderam se hospedar, festejar, voar de avião, passear de buggy e curtir o mapa interativo, ao som do Dennis DJ.
O selector carioca soube como poucos aproveitar o momento. Responsável pela primeira live 4D do mundo, Dennis triplicou o número de seguidores nas redes sociais desde que passou a apostar em lives.
Os jogos também bombaram não só como opção para os gamers obrigados a passar mais tempo em casa, como para quem gosta de assisti-los. Segundo relatório do Facebook emitido em julho de 2020, a visualização de games ao vivo cresceu 61% em comparação ao mesmo período de 2019. Os destaques são Free Fire: Battlegrounds, GTA V e Call of Duty: Warzone.
Daqui pra frente
“Meu medo é uma segunda onda de lives” dizia um dos memes que viralizaram nessa virada de ano. Frente à esperança da vacina contra a Covid-19 se aproximando, a euforia quanto à volta de eventos presenciais não ofusca o posto conquistado pelas lives. A possibilidade de alcançar um público maior que em espaços físicos, o ganho comercial e artístico pavimentaram um caminho promissor para o formato.
E você, curte lives? Vai continuar assistindo após o fim da pandemia?