2 de maio de 2024
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Saudades Singulares

Espero, com esta edição inaugural, fazer ressoar reflexões, construções e desconstruções nos leitores. Desafio aceito e o primeiro texto está lançado. Desejo que possa causar algo em vocês, algo que faça sentido em suas vidas.

Sinto saudades, saudades singulares… Saudade de um tempo que não volta mais, saudade do meu consultório, saudade de abraços, saudade de encontros presenciais celebrados com uma fatia generosa de bolo de cenoura com chocolate, acompanhado de uma bela xícara de café coado na hora. Saudade do som da campainha, de companhias, do barulho da chave na fechadura da porta para receber pessoas queridas em casa.

Tudo tão diferente de entrar na casa de alguém via “reunião”, por meio do número de um “ID”, por um simples toque em um link, ou qualquer outro aplicativo inovador e tecnológico que nos permita o encontro por meio das telas. E é impossível ficarmos inertes e não sensibilizados com tudo isso. Trata-se de uma crise múltipla (política, sanitária, econômica e existencial). Cada dia é uma surpresa e precisamos nos manter vivos e nos reinventarmos diante desse novo mundo.

E é graças as minhas tantas saudades singulares que tenho tentado atravessar esse período de isolamento social. O caos, assim como a harmonia fazem parte da vida e tudo bem. Tudo bem chorar, tudo bem sentir medo, tudo bem sorrir, tudo bem não ser perfeito… simplesmente seja você!

Mas, acima de tudo seja humano, não silencie a morte. Toda vida importa! Não podemos ignorar que tantas vidas ceifadas são saudades singulares de alguém. Até agora, foram registradas mais de 26.700 mortes provocadas pela Covid-19 e mais de 438.800 casos confirmados da doença em todo o país. O Brasil é o segundo país no mundo com o maior número de casos confirmados da doença. E isso, sem levar em consideração os casos que não foram notificados. Isso não é normal, não está tudo bem as pessoas não poderem enterrar seus entes queridos, não está tudo bem com o nosso país, não está tudo bem com o mundo… É momento de reflexão!

Talvez seja hora de tentar procurar saídas nas miudezas, nos detalhes, no simples e no inevitável mergulho de olhar para dentro de si. De se conhecer, de se aceitar e acima de tudo de se encantar e de rir de você mesmo. Perdemos muito tempo planejando a vida e nos esquecemos do mais importante: de viver a vida!

Apenas uma ressalva: não sou contra a nenhum tipo planejamento, de projetarmos o futuro e etc., mas é preciso cautela e bom senso porque algumas vezes o roteiro da vida é alterado. De protagonistas pulamos para o lugar de coadjuvantes, e tudo bem. O presente talvez seja a nossa única certeza, por isso, é importante nos atentarmos para ele, para a ideia do aqui e agora e do mantra de vivermos um dia de cada vez. A ordem agora é sobreviver!

O trabalho é muito importante e é uma forma de nos legitimarmos, mas a família, os amigos, os amores também nos legitimam. Não deposite tudo em uma única cesta. Saboreie todas as oportunidades que a vida tem para nos oferecer. Uma vez li algo, não me recordo agora a fonte, que me permitiu a seguinte reflexão: O caos não é garantia de mudança, o que muda são as nossas escolhas.

Que as suas saudades singulares sejam o combustível para a suas escolhas… De emprego, de amores, de opinião, de amigos, de comidas e bebidas… SUAS ESCOLHAS… Seja responsável por elas!

E para finalizar, desejo coragem para seguirmos adiante e a construção de significativas saudades nesse novo mundo, faça sua vida valer a pena, tenha a capacidade de se encantar com o novo sem se esquecer do antigo, faça algo para deixar o mundo melhor, reveja seus verdadeiros valores, aposte mais no coletivo e se jogue… o nome disso é: vida!

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