28 de março de 2024
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Síndrome da Gaiola: fenômeno pode afetar a saúde mental no pós-pandemia

Por Fernanda Nazaré 

Quase dois anos de pandemia do novo Coronavírus e mais de meio milhão de mortos no Brasil. O panorama é realmente assustador. A vacinação finalmente começou a avançar pelo país. O cenário começou a mudar e, mesmo com a sensação de que o céu está se abrindo no horizonte novamente, muitos pais estão vivendo o dilema da decisão de voltar ou não com os filhos para a escola.  

Bombardeados por vários meses com informações, nem sempre verdadeiras, na mídia e nas redes sociais, sobre medidas de isolamento social e riscos de contaminação pelo vírus, o desconforto e o medo são sentimentos normais neste contexto. Neste contexto, pesquisas apontam um crescimento de um fenômeno típico de pós-trauma, a chamada ‘Síndrome da Gaiola’, quando a resistência em sair de casa ou deixar o outro sair passa a ser um sofrimento. 

Uma geração traumatizada? 

Uma em cada quatro crianças e adolescentes ouvidos em estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentaram ansiedade e depressão durante a pandemia em níveis clínicos. Os dados foram apresentados à Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 da Câmara dos Deputados, em 17 de junho, pelo coordenador da pesquisa, o psiquiatra de crianças e adolescentes Guilherme Polanczyk. 

Crises de pânico e ansiedade se tornaram comuns em consultórios psiquiátricos durante o período pandêmico. A pesquisa monitorou a saúde mental de sete mil crianças e adolescentes de todo o país desde junho do ano passado. Médicos dizem que o prejuízo é enorme agora e para o futuro de jovens que completaram 15, 16, 17 anos fechados em casa. 

Quem responde por essa juventude sabe que o espaço escolar não é apenas de aprendizagem acadêmica. Ele é fundamental para a criação de valores, de noções de sociedade, regras, politização, independência e habilidade de lidar com conflitos que, com certeza, não acontecem dentro de um quarto. 

Quanto aos impactos cognitivos e de desenvolvimento nas crianças menores afastadas do estímulo do mundo externo, há estudos alertando certo atraso, principalmente em habilidades psicomotoras e de interação social. 

Adultos também sentem medo 

O medo excessivo da exposição não é uma realidade apenas brasileira. Os espanhóis a chamam de ‘Síndrome da Cabana’, já os franceses a nomearam ‘Síndrome do Caracol’.  

De acordo com uma pesquisa da Envoy (fabricante de artigos de segurança para o local de trabalho) divulgada pela Época Negócios, uma parcela considerável dos profissionais que hoje trabalham em home office não aceitariam voltar ao sistema 100% presencial mesmo após o fim da pandemia

Em entrevista para o jornal O Tempo, Wilmer Bottura, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (ABMP), explicou que o melhor remédio para o medo é a informação precisa. “A Síndrome da Gaiola tem a ver com excesso de avisos amedrontados e poucas informações consistentes”. 

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