Por Leilane Stauffer
Que o novo coronavírus transformou todas as lógicas instauradas na nossa rotina não é mais novidade. Já sabemos que as caminhadas em espaços públicos estão restritas, a ida aos famosos bares e restaurantes, neste momento, deve ser suspensa e o passeio naquele ponto favorito da cidade precisa esperar. E quando a pandemia passar? Você já parou para refletir nas mudanças mais profundas que farão parte da nossa realidade?
Em entrevista para a plataforma Universa, a historiadora e antropóloga brasileira Lilia Schwarcz apresenta uma visão interessante sobre o cenário que estamos enfrentando. A pesquisadora reforça as discussões que pontuavam que o século 20 precisava de um marco para ser encerrado e para o século 21, efetivamente, apresentar-se como um novo período.
“Hobsbawn disse que o longo século 19 só terminou depois da Primeira Guerra Mundial [1914-1918]. Nós usamos o marcador de tempo: virou o século, tudo mudou. Mas não funciona assim, a experiência humana é que constrói o tempo. Ele tem razão, o longo século 19 terminou com a Primeira Guerra, com mortes, com a experiência do luto, mas também o que significou sobre a capacidade destrutiva. Acho que essa nossa pandemia marca o final do século 20, que foi o século da tecnologia. Nós tivemos um grande desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites”, analisa.
Separamos quatro transformações que podemos considerá-las tendência para a sociedade pós-pandemia. Confira:
Trabalho remoto:
Antes da pandemia, o home office já era uma realidade para muitos profissionais. A perspectiva é que essa modalidade de trabalho cresça ainda mais e que a cultura organizacional desenvolva práticas para conduzir as rotinas do trabalhador em home office.
Educação a distância e apropriação digital:
Cada vez mais buscaremos soluções digitais. A realidade da educação a distância e do ensino remoto, neste momento, tem apresentado esse indicador. Além de reformular práticas e metodologias de ensino, a sociedade estará aberta a formar cidadãos educados digitalmente e que desenvolvam soluções cada vez mais digitais.
Novos hábitos de consumo:
Neste período, ouvimos muito sobre projetos para economizar, tendo em vista que os efeitos da crise econômica seguirão, mesmo após a pandemia. Mas, além dessa perspectiva, o momento nos convida a reavaliar a relação que estabelecemos com o consumo. Alguns questionamentos estão surgindo e devem permanecer: quais são os impactos ambientais dos produtos que consumimos, qual impacto que a marca gera para a sociedade, em quais causas estamos nos engajando?
Adesão a valores:
Definida por pesquisadores como um reset, a crise de saúde pública já repercute em mudanças de comportamento e acolhimento a valores que tenham, como centro, a empatia e o senso de coletividade. A perspectiva é que serão mais valorizados os trabalhos em equipes, a colaboração entre funcionários e vizinhos, a atenção aos grupos mais vulneráveis.
E para você? Como será o cenário com qual conviveremos quando o coronavírus estiver controlado?